Com a chegada da Internet nos
defrontamos com novas possibilidades, desafios e incertezas o
processo de ensino-aprendizagem.
Não podemos esperar das redes
eletrônicas a solução mágica para modificar profundamente a
relação pedagógica, mas vão facilitar como nunca antes a pesquisa
individual e grupal, o intercâmbio de professores com professores,
de alunos com alunos, de professores com alunos.
A Internet propicia a troca de
experiências, de dúvidas, de materiais, as trocas pessoais, tanto
de quem está perto como longe geograficamente.
A Internet pode ajudar o professor a
preparar melhor a sua aula, a ampliar as formas de lecionar, a
modificar o processo de avaliação e de comunicação com o aluno e
com os seus colegas.
O professor vai ampliar a forma de
preparar a sua aula. Pode ter acesso aos últimos artigos publicados,
às notícias mais recentes sobre o tema que vai tratar, pode pedir
ajuda a outros colegas - conhecidos e desconhecidos - sobre a melhor
maneira de trabalhar aquele assunto com os seus estudantes. Pode ver
que materiais -programas, vídeos, exercícios existem. Já é
possível copiar imagens, sons, trechos de vídeos. Em pouco tempo o
acesso a materiais audiovisuais será muito mais fácil. Tem tanto
material disponível, que imediatamente vai aparecer se o professor
está atualizado, se preparou realmente a aula (porque os alunos
também têm acesso às mesmas informações, bancos de dados, etc).
O grande avanço neste campo da
preparação de aula está na possibilidade de consulta a colegas
conhecidos e desconhecidos, a especialistas, de perguntar e obter
respostas sobre dúvidas, métodos, materiais, estratégias de
ensino-aprendizagem. O papel do professor não é o de somente
coletar a informação, mas de trabalhá-la, de escolhê-la,
confrontando visões, metodologias e resultados.
O professor pode iniciar um assunto
em sala de aula sensibilizando, criando impacto, chamando a atenção
para novos dados, novos desafios.Depois, convida os alunos a fazerem
suas próprias pesquisas, -individualmente e em grupo- e que procurem
chegar a suas próprias sínteses. Enquanto os alunos fazem pesquisa,
o professor pode ser localizado eletronicamente, para consultas,
dúvidas. O professor se transforma num assessor próximo do aluno,
mesmo quando não está fisicamente presente. Não interessa se o
professor está na escola, em casa, ou viajando. O importante é que
ele pode conectar-se com os outros e pode ser localizado, se quiser,
em qualquer lugar e em qualquer momento. A aula se converte num
espaço real de interação, de troca de resultados, de comparação
de fontes, de enriquecimento de perspectivas, de discussão das
contradições, de adaptação dos dados à realidade dos alunos. O
professor não é o "informador", mas o coordenador do
processo de ensino-aprendizagem. Estimula, acompanha a pesquisa,
debate os resultados.
Os alunos podem fazer suas pesquisas
antes da aula, preparar apresentações -individualmente e em grupo.
Podem consultar colegas conhecidos ou desconhecidos, da mesma ou de
outras escolas, da mesma cidade, país ou de outro país. Aumentará
incrivelmente a interação com outros colegas, pesquisando os mesmos
assuntos, trocando resultados, materiais, jornais, vídeos.
A motivação para a prática de
línguas estrangeiras e para o aperfeiçoamento da própria se torna
muito mais perceptível, porque existe real necessidade de escrever
e, nos próximos anos, também de falar na mesma e em outras línguas.
Os programas de tradução nos
facilitarão a comunicação com outros países, mas quem domina a
língua levará muita vantagem neste intercâmbio.
A Internet será ótima para
professores inquietos, atentos a novidades, que desejam atualizar-se,
comunicar-se mais. Mas ela será um tormento para o professor que se
acostumou a dar aula sempre da mesma forma, que fala o tempo todo na
aula, que impõe um único tipo de avaliação. Esse professor
provavelmente achará a Internet muito complicada - há demasiada
informação disponível - ou, talvez pior, irá procurar roteiros de
aula prontos -e já existem muitos - e os copiará literalmente, para
aplicá-los mecanicamente na sala de aula.
Esse tipo de professor continuará
limitado antes e depois da Internet, só que a sua defasagem se
tornará mais perceptível. Quanto mais informação temos
disponível, mais complicamos o processo de ensino-aprendizagem.
Quando podíamos escolher um único
livro de texto e segui-lo capítulo a capítulo, estava claro o
caminho do começo até o fim, tanto para o professor, como para o
aluno, para a administração e para a família.
Agora podemos enriquecer
extraordinariamente o processo, mas, ao mesmo tempo, o complicamos.
Ensinar é orientar, estimular, relacionar, mais que informar. Mas só
orienta aquele que conhece, que tem uma boa base teórica e que sabe
comunicar-se. O professor vai ter que atualizar-se sem parar, vai
precisar abrir-se para as informações que o aluno vai trazer,
aprender com o aluno, interagir com ele.
A Internet não é mágica, mas as
experiências que venho acompanhando na Universidade de São Paulo e
o contato com professores e alunos que utilizam as redes eletrônicas
no Brasil e em outros países me mostram possibilidades fascinantes
de tornar o ensino e a aprendizagem processos abertos, flexíveis,
inovadores, contínuos, que exigem uma excelente formação teórica
e comunicacional, para navegar entre tantas e tão desencontradas
idéias, visões, teorias, caminhos.
Os alunos estão prontos para a
Internet. Quando podem acessá-la, vão longe. O professor vai
percebendo que, aos poucos, a Internet está passando de uma palavra
da moda a realidade em alguns colégios e nas suas famílias. Nestes
próximos anos viveremos a interligação da Internet, com o cabo,
com a televisão. Imagem, som, texto e dados se integrarão em um
vasto conjunto de possibilidades. Ver-se e ouvir-se à distância se
tornará corriqueiro. Pedir a um colega que dê aula comigo, mesmo
que esteja em outra cidade ou país, ao vivo, será plenamente
viável. As possibilidades da Internet no ensino estão apenas
começando.
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